{Resenha} A Forma da água - Guillermo Del Toro , Daniel Kraus

Nome do livro: A Forma da água
Autor(a): Guillermo Del Toro, Daniel Kraus
Editora: Intrinseca
Nº de Pág: 352

Classificação:  

 

Richard Strickland é um oficial do governo dos Estados Unidos enviado à Amazônia para capturar um ser místico e misterioso cujos poderes inimagináveis seriam utilizados para aumentar a potência militar do país, em plena Guerra Fria. Dezessete meses depois, o homem enfim retorna à pátria, levando consigo o Deus Brânquia, o Deus de Gueiras, um home-peixe que representa para Strickland a selvageria, a inspidez, o calor - o homem que ele próprio se tornou , e quem detesta ser.  

Para Elisa Esposito , uma das faxineiras do centro de pesqusias para o qual o deus Brânquia é levado , a criatura representa a esperança, a salvação para sua vida sem graça cercada de silêncio e invisibilidade. 

Richard e Elisa travam uma batalha tácita e perigosa. Enquanto para um o homem-peixe é só um objeto a ser dissecado, subjugado e exterminado , para a outra ele é um amigo, um companheiro que a escuta quando ninguém mais o faz, alguém cuja existência deve ser preservada. 

Mistura bem dosada de conto de fadas, terror e suspense. A forma da água traz o estilo inconfundível e marcante de Guillermo Del Toro , numa narrativa que se expande nas brilhantes ilustrações de James Jean e no filme homônimo, vencedor do Leão de Ouro em 2017. Uma história cinematográfica e atemporal sobre um homem e seus traumas, uma mulher e sua solidão , e o deus que muda para sempre essas duas vidas. 

 

A forma da água foi escrito por duas mentes brilhantes, eu particularmente fiquei LOUCA para ler o livro um pouco antes da estréia do filme e fiquei fugindo dos spoilers que o Facebook e o Twitter poderiam me dar. Queria ler ele de mente aberta, apesar de já saber o enredo em si. Então assim que ganhei o livro meu mundo ficou completo por semanas... 

A personagem principal é uma senhorita chamada Elisa Esposito , jovem , independente e com um diferencial: Ela é muda, Elisa trabalha na empresa Occan como servente , limpando tudo que os "cientistas" deixam para trás. Todos os dias ela faz exatamente as mesmas coisas, toma seu banho, se diverte um pouco, faz seu jantar e prepara um lanche para seu vizinho Giles- um desenhista falido e de meia idade - escolhe seus melhores sapatos e vai até o ponto de ônibus para mais um dia de trabalho, mesmo assim , tudo isso nos passa uma sensação de liberdade. 

Sua vida muda completamente quando ela e sua amiga vão limpar o laboratório F-1 e ela conhece o deus Brânquia , um anfíbio capturado pelos militares na nossa querida floresta amazônica e mesmo com todas as diferenças entre eles, surge um amor puro e genuíno entre os dois. Mas infelizmente como em qualquer romance, eles precisam passar por diversas provações para finalmente ficarem juntos, Strickland, o responsável pela captura do Brânquia , ameaça a vida dele e consequentemente esse amor, e a partir disso Elisa precisa lutar para garantir que seu amado , o único na vida dela que a viu e amou verdadeiramente sem se importar com a mudez, viverá. E assim monte um plano mirabolante contando com a ajuda de seu vizinho e sua única amiga, Zelda, para salva-lo. 

Apesar de serem completamente diferentes, desde o inicio eles tem uma conexão unica que só no final podemos entender. Ao longo das vezes que eles mantem contato, podemos ver que eles se compreendem de uma maneira quase inexplicável, ela entende que ele a viu simplesmente como ela é e não se importou, e ele encontra nela o colo do qual foi arracando quando o Strickland o capturou. 

A minha impressão do livro foi que a qualquer momento eu iria sentir a dor da Elisa de perder o seu amor, por diversas veezes achei que ela estava prestes a perde-lo. Mas, apesar de nunca ter lido um livro do Del Toro antes, eu sabia que esse autor iria me impressionar e me fazer sonhar com o universo criado por ele, então mesclando o sobrenatural e a realidade, essa história foi a que mais me supreendeu das leituras esse ano. O amor deles nos toca diretamente na alma. 

E a infelicidade e a raiva do Strickland me irritou profundamente, Eu o oidiei em todos os momentos do livro, apesar de o compreeender em alguns. Ele é o sonho de todo americano: Casado com uma linda esposa, com filhos, trabalha para o governo e pode ser considerado rico, mas ainda assim , ele é os er mais infeliz que o livro nos apresenta, ele e a Elisa são opostos, de um lado temos pureza , amor e alegria, do outro temos apenas a raiva, a infelicidade e a inveja. Strickland odiava o Brânquia, mas temo arriscar que em vários momentos ele desejava secretamente ser ele.  

O livro tras algumas imagens ilustrando como foram algumas situações, como por exemplo o primeiro contato entre eles, Elisa entrega pro Brânquia um ovo cozido , e assim ela percebe que ao invés de cuidarem dele, a Occan o está torturando. Os autores conseguiram trazer diversos temas atuais para uma leitura passada na década de 60 como a homossexualidade de Giles e o preconceito racial sofrido por Zelda. 

De fato, me surpreendi várias vezes ao longo da leitura, eu amei entender que o amor deles é mais puro do que a gente foi entendendo no decorrer da trama. Enfim não tenho palavras para descrever o quanto amei o livro , e se pudesse guardar a Elisa e o Brânquia num potinho pra eles serem felizes juntos para sempre, com certeza o faria. 

Se você leu e teve uma opinião diferente, por favor me conta!! Mas se ainda não leu e está em dúvida ou criando coragem , só digo uma coisa: LEIA!!

Beijos